Satã - João da Cruz e Sousa

Satã - João da Cruz e Sousa


     Capro e revel, com os fabulosos cornos  
     Na fronte real de rei dos reis vetustos,  
     Com bizarros e lúbricos contornos,  
     Ei-lo Satã dentre os Satãs augustos.  

     Por verdes e por báquicos adornos  
     Vai c'roado de pâmpanos venustos  
     O deus pagão dos Vinhos acres, mornos,  
     Deus triunfador dos triunfadores justos. 

     Arcangélico e audaz, nos sóis radiantes,  
     A púrpura das glórias flamejantes,  
     Alarga as asas de relevos bravos...  

     O Sonho agita-lhe a imortal cabeça...  
     E solta aos sóis e estranha e ondeada e espessa  
     Canta-lhe a juba dos cabelos flavos!  
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"Uma palavra grosseira, uma expressão bizarra, ensinou-me por vezes mais do que dez belas frases."
Denis Diderot

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